segunda-feira, 30 de março de 2020

Música e história - parte 1

A música sempre foi parte atuante na história das civilizações. Mas muitas vezes, em vez de participante da história, a música assume o papel de narrar os fatos históricos, tanto os mais marcantes, quanto os quase esquecidos. Vamos ver aqui cinco músicas, e às histórias por trás das composições .





Zombie - The Cranberries


A história dessa música é triste. Durante décadas, a Irlanda, um país católico, localizado na ilha da Britânia, esteve em conflito com a Inglaterra, protestante.  O tema central desse conflito: A religião. E um dos principais agentes dessa disputa: o exército republicano irlandês (ou IRA) Porém, na década de 90, os dois países se articularam para quebrar as forças e as ações do IRA. Mas como sempre, nem todos concordam com a paz. E no dia 20 de março de 1993, o IRA provocou a explosão de duas bombas em  lixeiras na cidade de Warrington, Inglaterra. Resultado: 50 pessoas feridas, e duas crianças, de 12 e 3 anos, mortas. Dolores O Riordan, vocalista do grupo Cranberries, compôs essa música de protesto, falando desse evento e de outros dessa guerra, e como as mães choram ao ver suas crianças levadas. Ela chama os soldados que não pensam na atrocidade de matar crianças, e nos que ficam em silêncio frente as barbaridades do conflito, de Zumbis.




Wind of change - Scorpions

A gerra fria, conflito entre os capitalistas, liderados pelos estados unidos, e os comunistas, liderados pela então união soviética, dividia o mundo em dois pólos. A Alemanha foi separada por essas ideologias, e Berlim, sua capital, por um muro. Esse conflito durou até 1991, quando a união soviética se desfragmentou. Porém, mesmo antes disso, os ventos da mudança, ou seja, o fim dessa divisão político-militar, já se ouviam na União soviética, e em todo mundo comunista. A banda Scorpions fez um show em Moscou, onde várias bandas de países capitalistas se apresentaram. Ali, o vocalista Klaus Meine percebeu que, apesar do exército comunista estar presente, não impunha mais sua força sufocante como antes. Ele notou que as mudanças estavam chegando. E descreveu nessa canção essa sensação. Quando ia descendo por Moscou, ele sentia os ventos da mudança, ou seja, o fim da divisão do mundo em dois, e se possível, a reunificação  da sua terra natal, a Alemanha, onde parentes eram separados por um muro físico e Ideológico. E assim surgiu a música Wind of change.





Rosa de Hiroshima - Secos e Molhados

Agosto de 1945. A segunda guerra Mundial está em curso, porque apenas um país - o Japão - resiste ao ataque dos aliados. Uma invasão era planejada. Porém, a decisão do governo dos EUA foi forçar a rendição pela força, revelando ao mundo, pela primeira vez, a força das bombas atômicas. Em 6 de agosto de 1945, uma bomba foi detonada sobre a cidade de Hiroshima. Três dias depois, outra sobre a cidade de Nagazaki. Resultado? Mais de 200 mil mortos nos dois bombardeios (isso no primeiro dia, e são apenas estimativas. O número real pode ser bem maior). O Japão, impotente, rende-se semanas depois, pondo fim a segunda guerra Mundial. Para os aliados, as bombas eram um recurso necessário para forçar a rendição do Japão, e assim poupar as vidas perdidas em uma invasão. Porém, para muitos, até hoje, essa matança de civis foi totalmente sem propósito. Em 1954, Vinícius de Moraes escreveu o poema "Rosa de Hiroshima", no qual convida o leitor a pensar nas consequências do bombardeio. Não o fim da guerra, mas as consequências para as vítimas, as pessoas afetadas pela radiação, e até mesmo para as futuras gerações, que sofreriam os efeitos nocivos desse envenenamento radioativo. O nome do poema faz alusão ao efeito visual da explosão, que lembra uma "rosa desabrochando". Em 1979, o grupo Secos e Molhados, musicou o poema de Vinícius.





Aces High - Iron Maiden

Segunda guerra mundial. O exercito de Hitler dominou quase toda a Europa, venceu a França, e tinha como objetivo dominar a Inglaterra, praticamente, último reduto livre da influência nazista. Porém, a Inglaterra é uma ilha, e sua marinha era a mais poderosa do mundo. O plano de Hitler? Bombardear a Inglaterra com a maior força aérea da época: a luftwaffe  (força aérea alemã), até que os ingleses se rendessem.  Porém, Winston Churchill, primeiro ministro da Inglaterra, em seu discurso gritou: "não vamos nos render". E os ingleses decidiram resistir com o que tinham. Assim, a maior batalha aérea de todos os tempos foi travada sobre os céus da Inglaterra. A RAF (força aérea real), infligiu a Hitler sua primeira derrota, impedindo a dominação da grã Bretanha, que permaneceu como a parte livre da Europa ocidental. Essa música conta a história desses  "Ases do alto", que tinham que voar pra viver. Ou morrer






Smoking snakes - Sabaton

Uma banda sueca, cantando uma música em inglês, mas com o refrão em português. Essa é a música smoking snakes. Vamos a história:
A força expedicionária brasileira (FEB) lutou na segunda guerra Mundial aos lado dos aliados, na Itália, combatendo contra os nazistas. No dia 14 de novembro de 1945, três soldados brasileiros, Geraldo Baêta da Cruz, Arlindo Lúcio da Silva e Geraldo Rodrigues de Souza, se separaram do seu regimento. De repente, se vêem frente a frente de um batalhão alemão de cerca de 100 soldados, que estava para atacar outro pelotão brasileiro, composto de apenas 30 soldados. Os três praças receberam ordem de se render, mas não tiveram dúvidas: partiram pra cima do pelotão inimigo, e o fogo cruzado foi intenso. Por fim, os três soldados ficaram sem munição, e foram mortos pelos inimigos. Nesse meio tempo, os trinta pracinhas conseguiram se proteger do ataque alemão, e salvaram suas vidas. Reconhecendo a bravura dos brasileiros, os soldados alemães decidiram enterrá-los, não em valas comuns, mas em um cemitério improvisado, com cruzes com a inscrição: "três heróis brasileiros". Em 2014, a banda de heavy Metal Sabaton lançou a referida música, no álbum heroes. No nome smoking snakes (Cobras fumantes), se deve ao slogam da FEB: "A cobra vai fumar!



Amanhã... Será? - O teatro Mágico
Essa se baseia em uma história relativamente recente. A maioria dos países do chamado oriente médio, durante décadas, era dominado por ditadores, cujos mandatos se arrastavam, e as condições de vida e de liberdade nesses países só piorava. Em 2010, um jovem chamado Mohamed Bouazizi, ateou fogo ao próprio corpo, como forma de protesto contra a repressão policial do seu país, a Tunísia, que o impedia de ganhar a vida como vendedor de rua, e também pela corrupção governamental que o oprimia da mesma forma. Ele morreu no dia seguinte, 18 de dezembro de 2010. Como consequência, vários protestos começaram a ocorrer na Tunísia, contra o governo. A maioria desses protestos era organizada por redes sociais, como o Facebook. Em outros países árabes, eventos semelhantes passaram a ser marcado pela internet, e os protestos se espalharam por toda região do oriente médio, e norte da África, no que veio a ser conhecido como primavera árabe. Como resultado desses protestos, alguns ditadores, como o da Tunísia, Egito, e Líbia, foram depostos. Em alguns desses países, eleições foram organizadas e governos democráticos se estabeleceram.  No ano de 2011, ainda estando vivas as  turbulências dos conflitos, o teatro Mágico lançou a música "Amanhã... Será?"  na qual faz referência a "todo bit, byte, tera", que seria "uma força bruta", contra as ditaduras. E como "o post" nas redes sociais "é a voz que vos libertará", de tais governos.

Bom, essas são algumas, das músicas históricas. Breve postarei outras músicas e suas histórias por trás das composições.

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