O termo MPB já era usado há muito tempo para definir manifestações folclóricas do Brasil, como o bumba meu boi. Mas não era, até então, um termo que definia um estilo musical específico.
*Arrastão - o início*
Em 1965, Tom Jobim, um dos patronos da bossa nova, junto com Edu Lobo, foram responsáveis por uma canção que é considerada o marco zero da MPB: arrastão. Essa música foi interpretada por Elis Regina, e marca uma grande diferença entre a MPB e a nossa nova: ao passo que a bossa pede um canto mais contido, a MPB permite cantar "de voz cheia".
A partir dali, difundiriam-se artistas novatos, filhos da Bossa Nova, como Geraldo Vandré, Taiguara, Edu Lobo e Chico Buarque de Hollanda, que apareciam com frequência em festivais de música popular. Bem-sucedidos como artistas, eles tinham pouco ou quase nada de Bossa Nova. Vencedoras do II Festival de Música Popular Brasileira, (São Paulo em 1966), Disparada, interpretada por Jair Rodrigues, e A Banda, de Chico Buarque, são bons exemplos dessa ruptura com a Bossa Nova.
A partir de 1965, a TV Excelsior, e depois a tv Record, patrocinaram festivais de música popular brasileira. Esses eventos popularizaram, não só o termo MPB, mas também muitos artistas que vieram na esteira desse novo ritmo, como Elis Regina, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, dentre outros. Desse modo, a chamada MPB se estabeleceu como um estilo musical brasileiro, marcante e duradouro.
Abaixo a guitarra*
Em 1967, a MPB passou a assumir, quase que por acaso, uma conotação e importância política no país. Temendo a influência da música internacional, em especial do rock inglês e americano, que poderiam invadir e aniquilar a música nacional (assim acreditavam muitos interpretes), alguns artistas de renome, como Jair Rodrigues e Elis Regina, organizaram em 1967, a passeata "abaixo a guitarra elétrica". Na contramão desse movimento, Gilberto Gil e Caetano Veloso estão entre os primeiros a incluir a guitarra elétrica na MPB, marcando a influência de estilos como Jazz e rock na chamada música popular brasileira.
*A ditadura, os estudantes, e a MPB*
A partir do golpe militar, e especialmente a partir do AI5, em 1968, a MPB entrou de vez no cenário político nacional. Com a proibição de qualquer manifestação contra a ditadura militar, o meio de expressão das frustrações dos jovens acabou sendo a música - especialmente a MPB. Então, músicas com críticas políticas veladas começaram a ser veiculadas nacionalmente, e censuras pelo governo vigente. Como não era possível "silenciar" artistas conhecidos, pois a morte desses repercutiria internacionalmente, a opção foi exilar tais artistas.
*Década de 70 - dias atuais*
A música popular brasileira, a partir da década de 70, passou claramente a misturar aspectos da música mundial, com samba, e outros aspectos de música nacional. Assim a MPB se tornou um termo muito amplo, e bem difícil definir. As décadas de 80 e 90 viram o surgimento e o domínio de outros estilos nacionais e importados, como rock, New Wave, sertanejo, dentre outros. Mas foi o momento em que muitos artistas surgiram na MPB e deram a identidade desse estilo. Djavan, João Bosco, Maria Betânia, Gal Costa, e mais recentemente Ana Carolina, Jorge Vercilo, Lenine, e tantos outros, continuaram - e ainda continuam - representando com beleza esse estilo genuinamente brasileiro.
*Nova MPB*
Na década de 2000 surgiram muitos artistas que são classificados como nova MPB. A diferença são as temáticas, pois outras influências são inseridas nesse estilo. Artistas como Marcelo Jeneci, Roberta Sá, Ana Vilela, Tiago Yorc, e grupos musicais como A banda Do mar, AnaVitória, trazem diversas influências comuns nas faculdades do país, e até mesmo temas circenses.
Hoje, esse caldeirão cultural, difícil de definir com simplicidade, mas fácil de amar, é o que muitos gostam de ouvir em sua playlist, inclusive eu. Ouçam muita MPB
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